Balão mágico!

Noite aperriada. Insone. Pensamentos borbulhando em minha cabeça. Sonhos despertos.

O despertador tocou, tive vontade de mandá-lo para onde Judas perdeu as botas.

Levantei, tomei um banho gelado, junto com a aquarela de Toquinho.
Olhei da janela e vi um céu lindo, sorrindo pra mim.
Logo pensei: É dia de ser feliz!

A verdade é que nunca dei muito espaço para a tristeza. Sempre dou um jeitinho de ser feliz, nem que seja pegar carona num breve facho de luz.

Porém, concordo com Toquinho quando diz que “a tristeza é criativa”.
É quando você cospe sua alma em versos.

No entanto, não há sensação melhor que estar alegre, sem motivo aparente.
Aquelas cócegas no estômago, o coração sorrindo em palpitações.

Sigo escutando canções infantis. É assim que conservo a alma sem precisar de formol.

Feliz Quarta, gente!

O café

Havia uma ansiedade grande em torno daquele “café”.
Uma semana de espera.

Encontraram-se numa Livraria bem movimentada, com muitas luzes, pessoas falando, rindo, observando.

- Dois expressos, por favor.

Iniciaram a conversa. Quase um monologo.
Ele falou, falou, falou.

Como cabe tanto medo em uma pessoa? Ele não é mais garoto, tem seu 47 anos. Pensou.

É estranho esse “amadurecimento” dos homens.
Eles só têm duas fases: infância e velhice.

São cheios de cargas, traumas. Nossa!

- Moça, o café está muito forte. Me da um café com leite, com bastante açúcar, por favor.

Tomou de um gole só.

Deu-lhe um beijo na testa e partiu.

Não há paciência que tolere tanto medo.

" Pra não dizer que não falei das flores "

Chico Buarque sabiamente escreveu os versos: “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”.
Nós deixamos de existir por um tempo. , damos adeus ao nosso corpo, aos nossos costumes, aos nossos amigos, família, a nós mesmos. Ficamos assim com aquela sensação de morte em vida. Nem chorar conseguimos, nem desabafar.
Dispensamos até a hora com o psicólogo, porque ele também não vai te trazer de volta.
Você só quer estar só. Logo você que adora gente por perto. Casa cheia, vozes estridentes.
A cabeça gira, o estômago revira uma coisa quase paixão, mas aí é que ta, é a falta de paixão. Falta de sentir o sangue fervendo, o coração batendo mais que bateria de escola de samba.
Deus do céu, onde estão as cores da minha alma?
Pobre e solitária Poeta...

Os dias têm sido tão incompletos. Os olhos não brilham e o sorriso nem amarelo está.
Fui embora da minha alma, por algum tempo.
Sinto falta da minha face alegre no espelho, da minha cara de palhaça em dias de espetáculo.
Alguém há de roubar meu coração, de levá-lo para junto das estrelas, das tempestades, dos dias de sol.
Há alguém para todos nós.
Alguém que tenha paciência com suas crises existenciais, tpms, derrota do time querido, mau humor, estresse, trânsito infernal, embriaguez, vômitos. Alguém que te olhe e te acalme.
É preciso compreensão, liberdade, ajuda mutua.

A modernidade está acabando com o romantismo.

Ainda bem que existem pessoas que ainda escutam Roberto Carlos, como eu.